"Lar em guerra"

Se à expressão muitas vezes usadas em grandes documentários é esta: “Lar em guerra” ou “Pais em guerra”. Todos já a ouviram, mas a maioria não a entende. Explicando-me melhor, percebem-na, sabem que é uma situação difícil e complicada, contudo, não sabem o sentimento e a dor que está por detrás dela, pois isso só quem esta lá dentro é que a pode tentar descrever. Sim, tentar, pois ninguém consegue totalmente traduzir em meras letras uma dor tão forte.
Ninguém consegue imaginar, o que se sente quanto se chega a casa cansada, com os nosso problemas (aqueles que todos temos, quando estudamos/trabalhamos fora de casa e lidamos com varias pessoas), com a cabeça a explodir e a pensar “agora vamos para o nosso lar, vou para os braços dos que me amam e vou ter um pouco de paz”, pois até agora conseguem imaginar, todos pensamos isso, o problema vem é a seguir. Entramos em casa e lá esta o “brilhante cenário”, tudo aos gritos muitas vezes sem razão aparente para tal, portas a bater, objectos a serem destruídos, mas mais que isso, corações a serem despedaçados.
Quando dão pela presença daquele ser repugnante e causador de tanto mal (segundo a sua visão inconsciente e cega da realidade), tratam-no de uma forma humilhante e violenta. Nesse momento, sente se a pessoa mais desprezível do mundo, sendo rejeitado pelas pessoas que o deviam proteger. Aí corre para o quarto, deita-se na cama, enroscando-se no cantinho junto com o seu peluche favorito escondendo-se da realidade. Uma lágrima, deixa deslizar suavemente pelo rosto, queria chorar, todavia o medo não a deixava, sim medo, não queria ser encontrada assim, se não era pior ainda ia ser mais enxovalhada. Assim, fechou os olhos e respirou fundo, encontrou as forças que tinha dentro de si e pensou nas suas estrelinhas, juntado todas as energias positivas, voltou a abrir os olhos e limpou o rosto delicadamente com os seus dedos. Conseguira criar uma realidade paralela onde imaginara ser feliz e isso fazia-lhe bem. Expressou um sorriso doce e melodioso, enfrentando a vida com a cabeça erguida, mas nunca deixando de sentir dor, pois repetira este inferno diariamente.
Decidiu voltar à vida e não ser engolida pelo desespero. Ligou o computador e o telemóvel, lá estavam eles, os seus amigos com todos os seus “problemas”, metes conversa fingindo que está tudo bem e pronta a ajudar no que for preciso. Alguns já a conhecendo, apercebem-se que não esta tudo bem, interrogam sobre a situação, mas no fundo, não percebem a realidade em que ela vivia por estarem rodeados pelo bem. Bem, que ela simplesmente queria, também poder provar um dia.

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